segunda-feira, 19 de julho de 2010

Genesis

O Genesis é uma banda que eu divido em dois momentos: Com Peter Gabriel e sem Peter Gabriel. São dois momentos distintos em termos de concepção das músicas e de performance. Com Peter Gabriel a frente dos vocais o grande atrativo da banda eram as suas apresentações ao vivo. Gabriel além de cantar, tocar flauta e percursão, interpretava a obra como uma grande peça teatral. Trocas de figurino rápidas aconteciam com grande frequencia no palco. A banda que o acompanhava era formada por nada menos que Steve Hackett (guitarra), Tony Banks (teclado e guitarra), Mike Rutherford (baixo e guitarra) e pra fechar, Phill Collins (bateria), esse ainda com bastante cabelo. Sinceramente, essa não foi a unica formação do Genesis e nem mesmo foi a primeira, mas pra mim é a formação mais clássica, essa base ia lançar os 3 discos que eu mais gosto da banda: "Foxtrot", "Sellin England By The Pound" e "The Lamb Lies Down On Broadway" (todos da primeira metade da década de 1970)
Nessa época os melhores shows do Genesis aconteceram em teatros, que de fato era o local mais apropriado para o tipo de espetáculo que a banda sugeria.

Com a saída de Peter Gabriel, Phill Collins assumiria os vocais iniciando assim uma mutação na forma do Genesis compor as músicas e principalmente interpreta-las no palco. O grande apelo das radios e a necessidade de entrar no mercado norte-americano encurtaria o tempo das músicas do grupo além de dar uma cara mais world e menos britânica aos seus temas. No palco as coisa mudaram e adequaram o espetáculo a realidade do fim dos anos 70 e inicio dos anos 80, além da formação da banda passar a ser de trio, tocando com bateristas diferentes a cada turnê.

Os vídeos que separei são da fase Peter Gabriel, mas sempre vale a pena procurar material da fase posterior.









terça-feira, 13 de julho de 2010

Dia Mundial do Rock!

Nada melhor do que retornar a ativa concomitando com o dia mundial do rock. Sinceramente, eu não entendo muito o motivo do dia ser hoje mas ta valendo.
Para comemorar a data eu separei algumas coisas desse estilo que tem milhões, bilhões, zilhões de derivações. Se nós ficarmos aqui delimitando o que é e o que não é rock fica complicado. Acho que o rock pode estar além da melodia, peso das notas, timbre e arranjo, muitas vezes o rock está na atitude, na postura e na estética tanto quanto ou mais do que na música em sí. O importante é que no fundo vem todos do mesmo lugar, do bom e velho Rock and Roll.
Em tempos onde o "rock" é vendido, é de bom tom lembrar que a "atitude rock n' roll" esta na ousadia em transpor limites e regras, rock é exatamente o contrário do que se faz hoje com essa palavra tão boa de dizer. O "gênero rock" atualmente é mais vantajoso a quem o comercializa do que quem o faz (leia-se faz como quem toca, compõe, produz, masteriza...). Lembrem-se, rock acima de tudo é uma imensa sede de justiça e igualdade.



























quarta-feira, 9 de junho de 2010

Avante Brasil!

É, a primeira copa do mundo em solo Africano está aí e nada de posts durante o mega evento que ocorre apenas de 4 em 4 anos. Dou maior valor a copa do mundo, acho que daqui a 5000 anos, quando os escafandristas de uma civilização mais avançada que a nossa vasculharem a cidades submersas da America do Sul vão descobrir que se a gente desse canto do planeta nunca obteve sucesso em muita coisa enquanto povo, pelo menos em ganhar torneios mundiais de futebol nós fomos os melhores. Só nós, brasileiros, ganhamos 5 taças, uma foi roubada e derretida (pra variar um pouco). Nossos hermanos catimbeiros somam 4 mundiais, 2 da Argentina mais 2 do Uruguai. Contabilizando, a América do Sul levou 9 taças, ao passo que os paises europeus, se somados, levam um número igual de mundiais, mesmo com seus 9.999 paises. Pois bem, os ingredientes de uma grande copa do mundo estão ai e ninguém quer perder essa. Está decretado:
- Parei pra ver a copa!

Alguns vão dizer:
- Ah, o Brasil pára pra ver a copa do mundo enquanto os politicos tão metendo a mão em Brasília.

Olha, sinceramente, eu acho que eles já metem a mão no dinheiro alheio o ano todo, 24 horas por dia, cada vez que eu pago algum imposto, cada vez que eu ligo a tv, cada vez que pago juros bancários, a todo momento eu estou sendo roubado, trabalhamos muito, ganhamos pouco e pelo menos, queremos ganhar a copa do mundo. E tem mais, acho que até os politicos dão uma parada na roubalheira pra assistir a copa.

Se você não está nesse espírito de copa, é melhor entrar nele logo, pois não tem pra onde correr. Tem gente que comprou vuvuzela e tudo, só espero que o seu vizinho não seja um deles.
Se em 1970 éramos 90 milhões em ação, hoje, somos 190 milhões em tensão, diante das escolhas do Dunga. No meu ver, ele levou realmente os mais preparados, só acho que tinha uma vaguinha ali pro Roberto Carlos na esquerda e pro Ganso no banco, mas agora já era. Espero que Dunga use bem o material humano que levou a África, nos resta torcer.

Para que todos possam se imbuir desse espirito futebolistico, lá vai mais uma do DWT. Uma homenagem a maravilhosa seleção campeã do mundo de 1970.

Egberto e as 10 cordas

Um vídeo muito bacana de Egberto Gismonti no programa ensaio da Tv Cultura de 1992. Ele dá uma explicação bem simples sobre o violão de 10 cordas. A explicação é simples, a tocação nem tanto.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sugarcubes

The Sugarcubes é uma banda islandesa da década de 80, para ser mais preciso a banda esteve ativa de 86 a 92, lançando nesse período vários singles e alguns albuns além de criar seu próprio selo, o Smekkleysa. A atração principal dos cubos de açucar era a promissora vocalista e tecladista, até então não muito conhecida fora das fronteiras da Islândia, Björk. A pequenina e excentrica vocalista mostrava os primórdios de suas melodias meio "esquisitas" e começava a chamar atenção pro seu belo timbre de voz. A sonoridade da banda tinha influencias do punk, pos-punk além de boa dose de experimentalismo, seguia na esteira das bandas que fizeram sucesso na época como Joy Division, Siouxie and The Banshees, The Cure, Depeche Mode, Echo & The Bunnyman, Pixies e outras.
Acho que Sugarcubes não era aquela banda sensacional mas teve seus bons momentos e deve-se levar em consideração que eles não são ingleses ou americanos, com suas culturas já pré-digeridas por todo mundo e sim da Islândia um pais insular, uma ilha perdida no meio do frio Atlântico Norte, culturalmente eles não estão muito ligados ao continente europeu, e só de essa banda ter feito algum sucesso em radios e emissoras de TV do mundo já é digno de nota. A própria Björk só veio a ser conhecida da massa quando se mudou em definitivo para a inglaterra em 1993. Por essas e outras, muitos respeito aos cubos de açucar que vieram do gêlo.







sábado, 29 de maio de 2010

Bill Laswell

Um dos produtores de dub que eu mais gosto é o norte-americano Bill Laswell que além de produtor é um ótimo baixista. Conheci o som dele quando eu comprei um disco por curiosidade, achei a capa legal e vi que se tratava de dub, o disco era "RadioAxion - A Dub Transmission" de Bill junto com o também baixista Jah Wobble. Achei o disco simplesmente foda, com baixos grooveados e de muito peso, metais muito bem tocados e cheios de delay, percursões bem encaixadas, enfim, uma coisa que realmente me agradou. Procurei mais sobre o cara e descobri o disco "Imaginary Cuba", que foi feito gravando sons de artistas de rua cubanos e o material levado pros EUA onde foi produzido por Laswell, nas faixas pode-se ouvir até mesmo batucadas com colheres além das tradiconais percusões de congo cubano, tudo feito no mais puro sentimento e improviso. Após descobrir mais essa pérola eu percebi que ainda haviam coisas a serem trazidas para a luz, duas coisas, dois discos onde Bill desconstroi as obras de dois monstros da música, as gravações da fase fusion de Miles Davis (1969-1974) e os standards do rei do reggae, Bob Marley. O de Miles é pesado, tenso e sombrio como são os originais e o do Bob traz versões dub relaxantes num estilo mais ambient, de faixas como Waiting in Vain e Burnin' and Lootin', já inúmeras vezes remixadas e remasterizadas mas feito ali de uma forma bem autêntica e original. Fugindo de formulas tradicionais, Bill Laswell ajuda a adicionar novos contornos as obras desses dois craques da música, respeitando o legado mas inovando de várias formas.
Dito tudo isso, acredito que é hora de ir pra audição.















quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lamartine Babo

"Costumo dividir o carnaval em duas fases:
 Antes e depois de Lamartine"
 Braguinha


Tijucano, Lamartine Babo nasceu em 1915 e faleceu em 1963, 3 anos após comemorar o último título estadual do América, em um memorável desfile pelo Centro fantasiado de diabo.

Esta aí um compositor que desperta muita curiosidade. Seja pela autoria de todos os hinos dos clubes de futebol do Rio, seu humor ou pela polêmica em torno de uma das mais famosas marchinhas de carnaval. A marchinha em questão é "O teu cabelo não nega", um hit dos carnavais do Rio. O fato é que a marcha a que se atribui autoria a Babo é uma adaptação da marcha "Mulata" dos pernambucanos, Irmãos Valença. Lamartine fez a adaptação por contrato com a gravadora Victor, a quem os Irmãos Valença apresentaram a canção. Lamartine foi instruido a "acariocar" a música. Ele prontamente fez o serviço, aproveitando a melodia e estribrilho mas modificando a letra. O problema é que a gravadora lançou o hit tendo Lamartine como seu único autor, gerando uma complicada batalha na justiça onde os Irmãos Valença levaram autoria da canção mas liberaram a co-autoria, que de fato foi de Lamartine, porém até hoje o gosto popular atribui essa canção apenas a  Babo, o que é um tremendo engano.

Pendengas judiciais não abalam a imagem desse talentoso compositor de marchinhas irreventes e bem humoradas. Mesmo sem ter estudado música, Lalá, como era chamado pelos amigos, sempre demonstrou muita inventividade com suas melodias e na fabricação de refrões grudentos. As letras de Lamartine foram duramente censuradas pelo estado novo de Getúlio, o que modificou drasticamente o tema de suas composições. São de autoria dele além do samba, Serra da Boa Esperança e a bela parceria com Ary Barroso, No Rancho Fundo, as marchas: Linda Morena, Marchinha do Grande Galo, Moleque Indigesto e Só Dando Com Uma Pedra Nela.

Apesar de tantas músicas de sucesso, acho que o que mais lhe dá vida eterna é a longevidade que terão os hinos dos mais tradicionais clubes de futebol do Rio. Diz a lenda que foram escritos no mesmo dia, os hinos de Fluminense, Botafogo, Flamengo, Vasco da Gama, Bangú e do seu querido América. O interessante é a forma como Lamartine captou a alma e singularidade de cada uma das torcidas cariocas, pois elas tem suas caracteristicas próprias e tudo esta traduzido nas letras desde as cores de cada pavilhão as coisas mais íntimas de cada torcedor. De fato, não tem como não se emocionar ao ouvir o hino de seu clube do coração.
















segunda-feira, 17 de maio de 2010

Um Pouco de Diversão

Como o dia foi barra pesada, acho que é hora de pôr um pouquinho de diversão, mas ainda com uma pitadinha de sentimento "deixa pra lá" do outro post. Venho agora de NOFX, aquela galera com um clima Califórnia total. Misto de hardcore, punk-rock e ska, com seus naipes de metais alegrinhos. É a trilha ideal pra tomar uns tombos do skate ou simplesmente levantar o dedo médio para tudo e todos que não estejam se adequando ao seu way of life.

Deixa pra Lá!

Hoje eu tô num clima de deixar tudo pra lá...aqueles dias de ligar o botão do foda-se. Bem, para um dia como esse, nada melhor que resgatar mais uma pérola do "Programa Ensaio" com Cartola e Leci.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Take Five

O papo hoje é sobre "Take Five", standard do jazz, originalmente gravada pelo Dave Brubeck Quartet. Ao contrário do que muitos pensam, essa música não é do pianista Dave Brubeck e sim do seu saxofonista Paul Desmond, que Dave conheceu servindo na segunda guerra mundial, que bom que os dois saíram vivos e inteiros de lá, pois do contrário não conheceriamos esse belo blues composto em compasso 5/4.
Take Five foi regravada inumeras vezes pelos mais diversos artistas, recebendo inclusive algumas versões de King Tubby num trabalho junto com os Aggrovators e Osbourne Ruddock.
Desmond e Brubeck tiveram longa carreira de parcerias que lhes rendería muitas boas composições como: "Blues Rondo a la Turk" e "The Duck". O estilo cool de tocar sax alto de Desmond se adequava bem ao peso das notas de Brubeck e as batidas sincopadas do estilo de jazz ao qual eles pertenciam, designado west coast jazz, criando um clima relaxado e tranquilo, que era o oposto do hard bop, estilo desenvolvido na costa leste dos EUA, onde as composições eram tocadas de uma forma frenética, gerando um clima tenso. Desmond ainda trabalhou intensamente em apresentações de um dos guitarristas de jazz que eu mais curto, Jim Hall, mas isso já é papo pra outro dia... Por hora vamos fica só de Take Five e suas várias versões, o que já é muita coisa.
Vale destacar também as impressionantes versões ao vivo de Al Jarreau e George Benson, realmente de tirar o fôlego.
Ta esperando o que? Escolhe sua versão favorita aí e som na caixa...









quarta-feira, 12 de maio de 2010

AZ

Bom, pra falar do Antizona eu preciso voltar no tempo, lá em meados dos anos 90, quando eu conheci o som dessa banda. Foi mais ou menos nessa época que eu frequentava uma festa meio clandestina na Zona Norte do Rio. Digo clandestina porque a festa rolava num quintalzão de uma casa meio doida com uma entrada escura onde não se enxergava um palmo alem do nariz. O cara ia guiado pela música até chegar aos fundos desse quintal onde tinha um bar meio fumaçado, um palco e uma galera que morava ali nos bairros próximos e frequentava aquele local nos fins de semana em busca de alternativas à rotina massante. Ali, naquele bar, rolaram muitas bandas locais e algumas de fora, rolaram muitas jams de amigos e também algumas batidas da policia, pedindo pra abaixar o som ou simplesmente conferir se a galera estava fazendo alguma coisa ilícita. Foi nesse contexto que eu conheci os primordios do som do Antizona, um som pesado e de muito groove, e de lá pra cá a banda dividiu palco com outras bandas e artistas, como Planet Hemp, Squaws, Lobão e B Negão, além de muitos shows em comunidades dos suburbios do Rio de Janeiro e outros lugares, levando a essas comunidades uma alternativa em termos de músicas e idéias. Mudou um pouco a formação, mas em nenhum momento se perdeu a verdadeira essência do que é o AZ, pelo contrario, isso foi aprimorado. Ouvindo atentamente o som dos caras que é pesado, com marcantes riffs de guitarra executados por Fabinho Teixeira, percebe-se uma mão de Jimi Hendrix em sua fase mais funk (Band of Gypsys), aquela mesma mão que também se ouve quando escutamos Rage Agains the Machine e Red Hot Chilli Peppers - quem quiser entender essa onda pode ouvir as musicas "power of soul" ou "ezy rider" do Jimi que captará o que estou falando. A linguagem vocal da banda é transmitida através do rap, e acho legal destacar a versatilidade do não só Mc, mas também ótimo vocalista André Zovão, que consegue condensar bem aquele lance ritmado e que flui de forma rápida do rap com peso e melodia do lance mais rock de cantar. As letras abordam temas como preconceito, abuso de poder, falência das instituições, falta de democracía, relações entre o trabalho e o lazer, e submissão da sociedade perante a zona que impera no Brasil e em outros países "em desenvolvimento" (apesar de que eu ainda prefiro chamar de sub-desenvolvido mesmo). A "cozinha" da banda é formada por uma dupla muito afinada no groove e funk: O baterista Leo Desbrousses, e o baixista Renato Horacio. O Dj Fabio ACM completa o time inserindo com talento e sabedoria scratches, progamações e ainda dando sua colaboração nos vocais.

O AZ está lançando seu primeiro disco, "Antizona", além de encabeçar um projeto muito bacana, demonstrando que a preocupação da banda com as questões sociais não é só da boca pra fora, como se vê muito por ai. Esse projeto rendeu um cd chamado "Hip-Hop pela não violência contra as mulheres". Os dois discos foram produzidos pela própria banda e totalmente independente de gravadoras.

Quem quiser conhecer mais sobre a banda, seu projeto social ou saber pontos de venda dos cds e futuros shows, pode acessar o site dos caras clicando no link abaixo:

http://www.bandaantizona.com/A_Banda.html

O AZ libera seu disco para download no 4shared portanto deixo aqui, com a consciencia tranquila, o link para quem quiser baixar:

http://www.4shared.com/file/150920128/eb9e3818/Antizona_2010.html








segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dub Dub Dub Dub Dub Dub Dub...

O dub surgiu em Jamaica lá pelos idos dos anos 60, em princípio fazendo o que podemos chamar de remixes de faixas de reggae e ska. Bem, hoje em dia pode até parecer simples falar em remix, mas é preciso lembrar que naquela época não se tinha computadores ou mesas de som digitais, pedais de delay, reverb e outros "equipos". Tudo era feito na mão, isto é, na fita. Como tudo era analógico, gente como King Tubby e Lee Perry cortou um dobrado para colocar suas idéias em prática naquelas condições, mas não ha nehuma adversidade que a criatividade humana não possa superar.

No início foram as inumeras sound systems da ilha que lançaram as primeiras versões, onde o Dj muitas vezes dava uma palhinha de Mc improvisando sobre as bases de baixo e bateria, posteriormente as produções das versões dub passaram a ser lançadas também em discos, consolidando a imagem dos engenheiros de som e produtores como figuras de destaque junto com os artistas que executavam as originais. Praticamente todas as estrelas da música jamaicana lançaram versões dub em seus discos junto com as originais, quando não "abusavam", e lançavam albuns inteiros em estilo dub. Era uma honra ter uma faixa mixada por King Tubby, Lee Perry, Bunny Lee ou Sir Collins. Gente como Augustus Pablo, U-Roy, Bob Marley, Dillinger, The Techniques, The Agrovators, Gregory Isaacs, Skatalites e muitos outros renderam muitas e muitas versões para alegria do povo que chacoalhava ao som das sound systems jamaicanas.

O jeito dub de remixar uma faixa, consistia e ainda consiste em valorizar baixo e bateria, picotando e brincando com os vocais, guitarras, teclados e metais existentes na faixa original inserindo muito delay e reverb, fazendo fades de forma repentina, além de se utilizar muitas vezes de loops. Uma base de baixo e bateria de 2 minutos pode render um dub de uns 10 minutos em que se pode usar vocais e picotes de outras faixas e até algumas intervenções de vocal em estilo livre criando um verdadeiro mistão. A grosso modo, é desconstruir para reconstruir. Essa forma de remixar acabou influenciando significativamente tudo o que veio depois em termos de música eletronica e também o rap. Estilos como drum'n'bass, downtempo, lounge, dubstep, trip-hop, ragga muffin e outros são apenas a continuação e evolução continua dessa forma de mixar.

Hoje em dia podemos destacar como influentes divulgadores de dub, Mad Professor, Asian Dub Foundation, Rebel Mc, Easy Stars All Stars e os brasileiros, Digitaldubs, Dub Stalker, Otto, Dubalizer, 2Dub, Nação Zumbi, Black Alien e Marcelinho da Lua.

Na minha visão hoje tudo pode ser dub, pois ele não é um estilo musical é uma intenção. É um certo ambiente, uma paisagem que se forma, é olhar de um ponto de vista diferente, são frequências que aparecem e que sempre estiveram alí nos originais, mas não perceptíveis, agora valorizadas em uma obra renovada, aquelas frequências que geralmente a gente corta quando se faz de uma forma tradicional mas aqui é diferente, aqui não precisa se respeitar a arquitetura de uma música "normal", A, B, Refrão, Solo...no dub tudo é liberado você distribui as virgulas e pontos como achar melhor, sem uma regra pré-determinada, no dub você faz as regras, resumindo:
- Dub é o som da liberdade...



















quinta-feira, 6 de maio de 2010

Donato do Mau

Muita gente já deve ter ouvido João Donato, excelente pianista marcado por seus belos arranjos e parcerias de peso, que o tornou um dos maiores divulgadores da Bossa Nova fora de nossas fronteiras, mas poucas pessoas conhecem a fase mais "obscura" do artista.
Por volta de 1969, Donato residia nos EUA e estava prestes a lançar mais uma bolacha. Era esperada uma obra que seguisse a linha do álbum "Piano of João Donato: The new sound of Brazil", de 1965, ou das grandes parcerias com Chet Baker, Herbie Man, João Gilberto. Mas Donato tinha outras idéias em mente, àquela altura do fim da década de 60 e início de 70 o que mais despertava seu interesse e admiração eram as impressionantes apresentações de Jimi Hendrix e Carlos Santana. Com o terreno fértil para experimentações e uma incessante busca por novos caminhos que aquela época representava por tudo o que vinha acontecendo no mundo, o músico decide rumar para um disco nada ortodoxo do ponto de vista dos críticos. Em 1970 o álbum "Bad Donato" é lançado, com fortes influências caribenhas, de soul, funk, e com uma atitude que não se pode deixar de chamar de Rock and Roll. O álbum trazia em suas faixas arranjos pesados, se comparado aos outros discos do artista. Percussões que parecem levar as músicas a um ponto de transe, metais ditando um clima tenso, batidas quebradas, muito groove, e uma boa dose de psicodelia no manejo dos teclados em releituras de algumas faixas clássicas, como "A rã" e "Cadê Jodel". Assim, a surpreendente obra de João Donato se colocava ao lado de Miles Davis e seu inovador "Bitches Brew", também de 1970. Estes álbuns viriam a ser os fundadores do que se chamaria posteriormente de fusion.
A princípio o álbum não foi bem recebido pela crítica, como era de se esperar, mas não há nada como o tempo para fazer justiça. Hoje "A Bad Donato" é considerado um dos discos mais inovadores não só da música brasileira, mas da música em geral, inspirando bandas e artistas como Björk, Nação Zumbi, Planet Hemp e muitos outros.
"A Bad Donato" teve a fantástica colaboração do também brasileiro Eumir Deodato nos arranjos, além de Dom Um Romão, Bud Shank e mais um time só de feras que...vou confessar, nem lembro dos nomes agora. Essa parceria com Deodato iria render ainda muito "pano pra manga", sendo lançado em 1973 o álbum "Donato/Deodato". Esse, infelizmente, nunca saiu no Brasil.

Não costumo, nem gosto de fazer isso, mas devido a dificuldade de comprar essa obra e até mesmo de achar um simples videozinho no youtube, optei por liberar o link de download do disco aqui, mas que fique claro que não tenho nenhum lucro com isso, portanto, não estou cometendo nenhum crime.

http://rapidshare.com/files/10735481/joao_donato.rar.html




quarta-feira, 5 de maio de 2010

1x0

Eu até planejei falar de Pixinguinha, mas deixo que eles falem por mim...



domingo, 2 de maio de 2010

Surrender

No último post eu falei do "white Pony" do Deftones, e hoje vou falar de um contemporâneo.
No fim de 1999, foi lançado o disco "Surrender", da dupla inglesa Chemical Brothers. Nesse álbum eles se jogam de cabeça num clima psicodélico e ao mesmo tempo de muito groove, bebendo de variadas fontes dos anos 60 e 70. Tudo isso com belas linhas de baixo, noises e beats eletrônicos em loops frenéticos, e tudo muito bem mixado.

As faixas que acho legal destacar são:

"Asleep from Day", "Orange Wedge", "Surrender", "Let Forever Be" e "Dream On".









sábado, 1 de maio de 2010

White Pony

Em 2000, o Deftones lançava o seu terceiro album: "White Pony". É um disco que veio para consolidar o próprio conceito do som dos caras e até hoje é o disco que eu mais gosto da banda.

Nesse álbum eles conseguem, além de dar seguimento àquela onda de algumas faixas do anterior - como "Be Quiet and Drive", "Around the Fur" (canção que dá título ao disco), e "Mascara" - apostar ainda em climas sombrios e ambiências que dão até frio, alternando entre momentos de calmaria e de pancadaria durante todo o disco.
A banda se mostra mais coesa e madura com o Dj Frank Delgado mostrando grande sensibilidade ao inserir seus efeitos nos momentos adequados. Em "White Pony", a banda consolidou uma obra completa onde há conexões entre todas as faixas, diferente dos dois primeiros álbuns, onde passava a impressão de um apanhado de músicas sem muita relação entre si.

Vale a pena conferir. "Go get your knife...and get in."





















quinta-feira, 29 de abril de 2010

A ilha

Ô ilhazinha danada essa tal de Jamaica. Lá é tipo aquele ditado popular "a cada enxadada, uma minhoca". Digo isso pela tamanha profusão de pedradas sonoras que saem dessa pequena ilha do Caribe.
Quando se fala em Jamaica o sujeito já pensa em reggae. Não é bem por aí. Tá certo que o reggae foi o que tornou a Jamaica um fenômeno mundial, porém "a César o que é de César". A ilha está repleta de tesouros escondidos, como boas bandas de soul e funk, além de alguns monstros do jazz que saíram de lá para o mundo. Cito dois: O pianista Monty Alexander, e o guitarrista Ernest Ranglin. Isso pra não falar na influencia direta desses malandros na própria concepção do reggae, assim como o jazz e o blues influenciaram o ska (o pai do reggae). Acho que o aspecto mais importante é que o jazz é como Roma, que influencía mas se permite influenciar. Aliás, ele vive disso e não se nega a contribuição que os ritmos Jamaicanos tem sobre o jazz, afinal...

"...You running and you running
but you can't run away from yourself."

Para exemplificar em termos sonoros o que escrevi, separei umas coisinhas mais ai abaixo.







Super Strut

Aí vai uma pra quem gosta de um bom Fender Rhodes. Quem já jogou o joguinho "GTA Vice City" vai ter um pequeno déjà vu quando ouvir essa faixa.
Bom, se você não conhece, tá aí uma chance de ouvir um brasileiro pouco conhecido por aqui, mas que lá fora é do máximo conceito.
É do disco Deodato 2, do multi-homem Eumir Deodato, que nesse disco assobia, chupa cana, faz embaixadinha e ainda tem tempo de fazer isso tudo ai ó:

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fiat Lux

Faça-se a luz? Não, nada disso. O papo é o seguinte:
Vim hoje pra resgatar uma pérola da arte de tirar onda no batuque de caixinha de fósforo, direto da zona norte do Rio.
A “bola da vez” é a magnífica canção de Cartola, "Tive Sim". É uma aula de como dar uma boa satisfação a patroa.
Um brinde a malandragem e bom gosto desse sambista pintado de verde e rosa.


terça-feira, 27 de abril de 2010

A Página do Relâmpago Elétrico

Apesar de carioca vou começar de um jeitinho bem mineiro, comendo pelas bordas pra não me queimar. Minha primeira indicação vai ser do genial e talvez o mais envergonhado artista de todos os tempos, Beto Guedes. Esse beatlemaniaco que impressiona pelo perfeccionismo nos arranjos e suas belas melodias é um dos artistas brasileiros que mais gosto. O disco em questão é o seu primeiro, A Página do Relâmpago Elétrico de 1977.
Os destaques são além da faixa de abertura que dá titulo ao disco, os hits Lumiar e Nascente, essa última de autoria de Flávio Venturini em parceria com Murilo Antunes. Fica também meu alô para as faixas instrumentais; Chapéu de Sol, essa em parceria com Flávio Venturini e a belíssima faixa final, Belo Horizonte, composta por seu pai, Godofredo Guedes, seresteiro e chorão de marca maior.
Esse é um disco intenso, onde ouvimos Beto em total entrega à sua música, no momento em que extrapola as fronteiras do clube da esquina, bebendo de fontes que vão dos Beatles ao Chorinho sem deixar a peteca cair...

Então, ta esperando o que? Clica ai e aproveita:







Blasfêmias & Injúrias

Esse é o primeiro post aqui no blasfêmias e Injúrias e eu acho bacana apresentar minha proposta para as postagens que seguirão a essa.

O nome do blog não é o que parece. Não estou aqui para falar de religião ou de politica (bem, talvez eu possa falar dos dois no futuro), o tema central é música, boa música. Em cada postagem vou falar um pouco do que penso dela não me agarrando a nenhum estilo, tentando trazer coisas boas e quando possível, coisas novas.
Sou um apaixonado por essa arte intangível que nos leva aos sentimentos mais absurdos e inexplicaveis.

Nunca bloguei na minha vida então, paciência, a tendência é melhorar.