segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dub Dub Dub Dub Dub Dub Dub...

O dub surgiu em Jamaica lá pelos idos dos anos 60, em princípio fazendo o que podemos chamar de remixes de faixas de reggae e ska. Bem, hoje em dia pode até parecer simples falar em remix, mas é preciso lembrar que naquela época não se tinha computadores ou mesas de som digitais, pedais de delay, reverb e outros "equipos". Tudo era feito na mão, isto é, na fita. Como tudo era analógico, gente como King Tubby e Lee Perry cortou um dobrado para colocar suas idéias em prática naquelas condições, mas não ha nehuma adversidade que a criatividade humana não possa superar.

No início foram as inumeras sound systems da ilha que lançaram as primeiras versões, onde o Dj muitas vezes dava uma palhinha de Mc improvisando sobre as bases de baixo e bateria, posteriormente as produções das versões dub passaram a ser lançadas também em discos, consolidando a imagem dos engenheiros de som e produtores como figuras de destaque junto com os artistas que executavam as originais. Praticamente todas as estrelas da música jamaicana lançaram versões dub em seus discos junto com as originais, quando não "abusavam", e lançavam albuns inteiros em estilo dub. Era uma honra ter uma faixa mixada por King Tubby, Lee Perry, Bunny Lee ou Sir Collins. Gente como Augustus Pablo, U-Roy, Bob Marley, Dillinger, The Techniques, The Agrovators, Gregory Isaacs, Skatalites e muitos outros renderam muitas e muitas versões para alegria do povo que chacoalhava ao som das sound systems jamaicanas.

O jeito dub de remixar uma faixa, consistia e ainda consiste em valorizar baixo e bateria, picotando e brincando com os vocais, guitarras, teclados e metais existentes na faixa original inserindo muito delay e reverb, fazendo fades de forma repentina, além de se utilizar muitas vezes de loops. Uma base de baixo e bateria de 2 minutos pode render um dub de uns 10 minutos em que se pode usar vocais e picotes de outras faixas e até algumas intervenções de vocal em estilo livre criando um verdadeiro mistão. A grosso modo, é desconstruir para reconstruir. Essa forma de remixar acabou influenciando significativamente tudo o que veio depois em termos de música eletronica e também o rap. Estilos como drum'n'bass, downtempo, lounge, dubstep, trip-hop, ragga muffin e outros são apenas a continuação e evolução continua dessa forma de mixar.

Hoje em dia podemos destacar como influentes divulgadores de dub, Mad Professor, Asian Dub Foundation, Rebel Mc, Easy Stars All Stars e os brasileiros, Digitaldubs, Dub Stalker, Otto, Dubalizer, 2Dub, Nação Zumbi, Black Alien e Marcelinho da Lua.

Na minha visão hoje tudo pode ser dub, pois ele não é um estilo musical é uma intenção. É um certo ambiente, uma paisagem que se forma, é olhar de um ponto de vista diferente, são frequências que aparecem e que sempre estiveram alí nos originais, mas não perceptíveis, agora valorizadas em uma obra renovada, aquelas frequências que geralmente a gente corta quando se faz de uma forma tradicional mas aqui é diferente, aqui não precisa se respeitar a arquitetura de uma música "normal", A, B, Refrão, Solo...no dub tudo é liberado você distribui as virgulas e pontos como achar melhor, sem uma regra pré-determinada, no dub você faz as regras, resumindo:
- Dub é o som da liberdade...



















Um comentário:

  1. Muito bom, mano! Tá foda de conteúdo! Parabéns!

    Valia um post sobre Skinhead Reggae! Saca só: http://www.youtube.com/watch?v=KMhGN9_gqvU&feature=related Bom para galera sacar a diferença entre o skinhead bom e ruim. E que nem tudo é white-power e que as origens do Skinhead está na Jamaica...

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