quarta-feira, 19 de maio de 2010

Lamartine Babo

"Costumo dividir o carnaval em duas fases:
 Antes e depois de Lamartine"
 Braguinha


Tijucano, Lamartine Babo nasceu em 1915 e faleceu em 1963, 3 anos após comemorar o último título estadual do América, em um memorável desfile pelo Centro fantasiado de diabo.

Esta aí um compositor que desperta muita curiosidade. Seja pela autoria de todos os hinos dos clubes de futebol do Rio, seu humor ou pela polêmica em torno de uma das mais famosas marchinhas de carnaval. A marchinha em questão é "O teu cabelo não nega", um hit dos carnavais do Rio. O fato é que a marcha a que se atribui autoria a Babo é uma adaptação da marcha "Mulata" dos pernambucanos, Irmãos Valença. Lamartine fez a adaptação por contrato com a gravadora Victor, a quem os Irmãos Valença apresentaram a canção. Lamartine foi instruido a "acariocar" a música. Ele prontamente fez o serviço, aproveitando a melodia e estribrilho mas modificando a letra. O problema é que a gravadora lançou o hit tendo Lamartine como seu único autor, gerando uma complicada batalha na justiça onde os Irmãos Valença levaram autoria da canção mas liberaram a co-autoria, que de fato foi de Lamartine, porém até hoje o gosto popular atribui essa canção apenas a  Babo, o que é um tremendo engano.

Pendengas judiciais não abalam a imagem desse talentoso compositor de marchinhas irreventes e bem humoradas. Mesmo sem ter estudado música, Lalá, como era chamado pelos amigos, sempre demonstrou muita inventividade com suas melodias e na fabricação de refrões grudentos. As letras de Lamartine foram duramente censuradas pelo estado novo de Getúlio, o que modificou drasticamente o tema de suas composições. São de autoria dele além do samba, Serra da Boa Esperança e a bela parceria com Ary Barroso, No Rancho Fundo, as marchas: Linda Morena, Marchinha do Grande Galo, Moleque Indigesto e Só Dando Com Uma Pedra Nela.

Apesar de tantas músicas de sucesso, acho que o que mais lhe dá vida eterna é a longevidade que terão os hinos dos mais tradicionais clubes de futebol do Rio. Diz a lenda que foram escritos no mesmo dia, os hinos de Fluminense, Botafogo, Flamengo, Vasco da Gama, Bangú e do seu querido América. O interessante é a forma como Lamartine captou a alma e singularidade de cada uma das torcidas cariocas, pois elas tem suas caracteristicas próprias e tudo esta traduzido nas letras desde as cores de cada pavilhão as coisas mais íntimas de cada torcedor. De fato, não tem como não se emocionar ao ouvir o hino de seu clube do coração.
















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