domingo, 16 de outubro de 2011

A Casa Caiu



Você se sente representado por algum partido político? Se sente satisfeito com a organização da sociedade? Você se sente gozando de seus plenos direitos de cidadão? Você sabe o que é ser de fato um cidadão? Você compreende a teoria econômica capitalista? Você compreende o sistema de previdência pública, entende sua relação com o salário mínimo? Você também se revolta quando abre o facebook, o twitter, o Orkut e vê fotos de crianças subnutridas morrendo de fome? Alguma vez você já passou fome? Consegue imaginar sua vida sem o uso do papel-moeda? Consegue conceber uma sociedade que não leve em consideração o uso do capital nos meios de produção de nossa própria subsistência? Você acredita que vive numa democracia?


Talvez você já tenha feito muitos desses questionamentos acima. Talvez já tenha pensado em soluções para muitos deles. Muitos indivíduos espalhados pelo globo também têm tido constantemente esses e muitos outros questionamentos. Neste momento, pessoas comuns estão indo às ruas em várias partes do mundo para registrar a sua indignação, sua revolta e sua decepção com o sistema capitalista, com a democracia representativa e indireta, com os partidos políticos que representam os interesses de organizações que só visam o lucro e não representam os interesses do cidadão. Isso não é democracia. Desde a Grécia antiga se tem a noção de que a democracia e a política são exercidas todos os dias pelos cidadãos. O exercício da democracia deve ser feito entre os populares para debater e resolver os problemas comuns dos semelhantes. Não à toa vivemos em uma comunidade em que os problemas e os bens deveriam ser comuns e, no entanto, parece que o cidadão de hoje continua a se aproximar do servo da antiga Grécia, ligado ao capital como o servo era ligado à terra, fadado a servir nela e para ela até o fim dos seus dias. Será que você tem exercido o seu direito de cidadão?, ou será que tem se aproximado mais da realidade do servo?


O movimento que se alastrou do mundo Árabe para as praças da Europa e para as ruas de Londres e que está ocupando Wall Street demorou, mas finalmente chegou à América Latina. No Chile, as pessoas já tomam as ruas, ocupando os centros financeiros e levantando acampamento; no Rio de Janeiro a Cinelândia será inteiramente ocupada neste próximo sábado, dia 22 de Outubro, às 14 horas – alinhando, assim, a América do Sul a este movimento global que não tem patrono, liderança ou partido político. Trata-se de um movimento de insatisfação, apenas, sem maiores planejamentos ou uma resolução. Um movimento de expressão com objetivo de requerer o direito de cidadania. Nós não somos socialistas ou anarquistas, somos apenas pessoas com inúmeras diferenças ideológicas, mas unidos pela insatisfação com o sistema capitalista; um sintoma de que o sistema atual está doente.


A grande mídia tem tratado o movimento de diferentes formas ao redor do globo: no Marrocos os manifestantes foram reprimidos com violência pela polícia local; a mídia noticiou que se tratava de uma manifestação pelo direito dos gays. Na Itália, mais violência, mais desinformação. No Rio de Janeiro o movimento foi taxado pelas grandes emissoras como um manifesto contra a corrupção – mais uma mentira. A corrupção nada mais é do que um dos sintomas do câncer que representa esse sistema baseado no capital – um sistema que trata o ser humano como estatística, que coloca o dinheiro e o lucro à frente da vida humana e que se limita a duas formas de enxergar o homem: com funcionário ou cliente. O que é o certo, afinal, combater o sintoma ou curar a doença?


O movimento é inteiramente pacífico, não prega a violência e sim a ocupação de locais onde se tenha visibilidade, isto é, os grandes centros financeiros das grandes metrópoles. As únicas armas que carregamos são nossos cartazes, nossas ideias e nossas palavras. Se você também não se sente confortável sendo apenas uma estatística nos números de uma multinacional, se você é MUITO MAIS do que um cliente ou um funcionário, participe você também desse movimento. Saia às ruas, porque as ruas são do povo... É preciso fazer barulho na fenda do muro, é preciso fazer brotar uma nova consciência. É preciso derrubar as fronteiras, desorganizar para reorganizar de forma justa e humana, pois só através da desordem é que se alcança o progresso. Saia às ruas, porque o mundo vai mudar!

Um comentário:

  1. Minha opinião simplista e sincera, é que o capitalismo emburreceu a população e a população pobre aumentou...

    O capitalismo oferece desvíos fáceis. Roupas, TV, celular e Internet, alimentam a curisidade e a distração.

    Enquanto meia dúzia entende, a maioría nem quer saber daquílo. Acho que a miséria ainda vai ter que tocar em todos os corações para mobilizar meio mundo. O importante, é fazer o que está sendo feito: Apontar o problema e chamar atenção !!

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